Flusser é fliessen, o correr da água que seu nome aponta. Sendo fluxo, desloca-se entre assuntos, teorias e línguas. Vai do português ao alemão e deste ao francês e inglês. Desgosta do sabor adocicado de sua língua pátria. Aliás, previne-nos sobre o patriotismo – “sintoma de uma enfermidade estética” e o entorpecimento dos sentidos causado pelos hábitos. Também sua escrita não aponta para uma resposta, gerando incômodos e propondo questões. Flusser, fluxo de águas turvas, mais baldeia do que esclarece. Discute a linguagem, a tradução, a imagem, a imaginação, a ficção, o exílio, mas acima de tudo está interessado pela liberdade. Migração e expatriação são condições biográficas, herança judaica, errante, mas que se realizam também no plano filosófico. O Simpósio Flusser em Fluxo – que acontece nos dias 24 e 25 de maio de 2012, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC – se assenta sobre essas bases flutuantes e buliçosas.